Na mitologia grega, o homem era dividido em três espécies: macho, fêmea e andróginos, este último era a fusão dos dois primeiros.
Os andróginos, como nos conta Homero, decidiram uma escalada aos céus, empreendo guerra contra os Deuses. Júpiter e outros Deuses enfurecidos , reuniram-se num conselho e resolveram castigar os andróginos de tal atrevimento.
Júpiter, o todo poderoso, após longa reflexão, resolveu como castigo, dividí-los em dois, assim seriam enfraquecidos e se tornariam menos insolentes. Os pobres andróginos, após a separação, quando se encontravam, se abraçavam em êxtase. Não tinham vontade de fazer coisa alguma, e morriam de fome atados um ao outro, no desejo de apenas unirem se novamente.
Essa tragédia se perpetua nos dias de hoje. Á procura da outra metade, nós estrangeiros de lugar nenhum, marcados por conflitos, hostilidade, desdém, vivemos sob o implacável conselho dos “Deuses” da madame sociedade. Por sermos atrevidos, corajosos e divinamente insolentes, praticamos o sublime pecado do terceiro sexo.
Afinal de contas, que culpa temos se a metade que nos foi separada seja do mesmo sexo.
Autora: Soraya Hussen
Publicado na Revista Meeting em 1997 – Primeira Revista LGBT de Minas Gerais.
